O Rousseau de Niterói Joel Rufino dos Santos

Conheci Pinaud quando ele me convidou para seu subsecretário na antiga Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, do estado do Rio de Janeiro. Nos tornamos amigos. Aprendi a admirá-lo, por algumas razões, que mostrarei adiante; e a amá-lo, por razões sem razão.

Pinaud é admirável pela crença inabalável nos direitos humanos. Inúmeras vezes o vi em defesa de pessoas torturadas, humilhadas, preteridas, injustiçadas, exploradas e indefesas. Nunca o vi colocar cargo, comodidade e convivência acima dessa defesa. Uma solidariedade imediata a pessoa humana que me dá impressão - eu não creio em deuses - de que Pinaud é ateu. Só quem não acredita na origem divina de Cristo, pode seguir à risca, como ele, os ensinamentos de Cristo.

Pinaud é admirável por levar o socialismo a sério. Não é um socialista de sigla, de ocasião, de conversa. É de luta, como dizíamos antigamente. Suas análises de conjuntura, certas ou erradas, sempre me mostraram que não crê no capital, mas no trabalho e que, pelo trabalho, está sempre disposto a brigar. Seu socialismo é uma forma superior de humanismo, não se resume a não ter ilusão com o capital. Sempre me pareceu que ele tem ilusão é com o homem - Pinaud é da  linhagem de Fabio Cuntactor, de Rousseau, antes de ser de Marx.

Pinaud é admirável porque teria sido advogado de Araribóia. O herói de Niterói combateu pelo invasor português e, como recompensa, recebeu deles uma terra na sua própria terra. Pinaud primeiro tentaria conscientizá-lo, depois defenderia seus direitos humanos.

Enfim, Pinaud é admirável porque, em Niterói, ninguém canta Ne me quitte pas melhor que ele.

Joel Rufino dos Santos - historiador.

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